Observando o mercado empresarial brasileiro e
tentando entender como esse mercado tem se comportado diante de tamanha crise
econômica, é fácil identificar várias novas atitudes empresariais. Durante muitos
anos ficou evidenciado que o mercado brasileiro sofre grandes crises econômicas
sempre a cada seis a oito anos. O problema é que essa crise atual se fixou por
causa de outros fatores que estão contribuindo para que o ambiente continue incerto.
Dentre esses fatores poderemos pontuar aqui o descrédito geral da sociedade
para com a política, além de decisões da suprema corte que trouxeram
insegurança jurídica.
Diante desses fatos, grandes grupos
empresariais resolveram desenvolver estratégias para dominar maiores fatias do
mercado, sendo essa a possibilidade imediata de aumentar o seu faturamento uma
vez que com a retração da economia houve uma diminuição da demanda no mercado
como um todo diminuindo sensivelmente a busca por produtos por parte dos
compradores.
Diante desse cenário uma grande empresa do
segmento de turismo está comprando todas as consolidadoras (distribuidoras de
aviação) do mercado nacional, essa estratégia tem por finalidade diminuir a
quantidade de concorrentes e abocanhar uma maior fatia do mercado somando as
carteiras de clientes e reduzindo os custos das equipes de atendimento de cada
mercado regional.
Utilizando como metáfora a obra literária “A
ESTRATÉGIA DO OCEANO AZUL” dos autores W. Chan Kim e Renée Mauborgne; é como se
um grande tubarão do oceano vermelho mencionado no livro estivesse engolindo os demais tubarões um pouco menores, diminuindo a quantidade dos tubarões, mas
mantendo a mesma quantidade de alimentos, ou seja, o oceano vermelho terá menos
tubarões que dividirão mais alimentos entre si.
Lembrando que a obra literária acima
citada chama de oceano azul todo e qualquer nicho de mercado que ainda não
tenha sido explorado em sua plenitude e chama de oceano vermelho os nichos de
mercado que já atingiram a sua capacidade limítrofe, ou seja, já estão
saturados e trata como tubarões todas as empresas que atuam nesse segmento.
Temos também casos em que a
identificação de um novo nicho de mercado esvazia outros nichos já saturados,
pois ocorre uma migração dos clientes provocando um desequilíbrio no ambiente
mercadológico. Utilizando paradoxalmente o conceito da estratégia do oceano
azul, é como se em um oceano vermelho todos os cardumes fugissem imediatamente
para outro oceano ainda pouco explorado, o problema nesse caso é que ao tirar o
alimento do oceano vermelho os tubarões que lá estão, vão morrer de fome. E foi
justamente isso o que aconteceu quando a Netflix entrou no mercado com um novo
conceito de locação de filmes STREAMING, onde o cliente paga por mês o valor do
que seriam duas locações em uma locadora convencional, para ter acesso a mais
de 150 filmes e séries e a cada mês mais 150 ficam disponíveis. Como resultado,
todas as grandes locadoras de filmes e games do Brasil fecharam as portas por
falta de clientes.
Às vezes a mudança não é assim tão
drástica e a criação de um novo oceano azul permite que o antigo oceano
vermelho continue como fonte de alimento dos seus tubarões, porém os tubarões
precisarão aprender a fazer regime, ou seja, as empresas precisam aprender a
reduzir custos e ainda assim melhorar a qualidade dos serviços prestados. Um
exemplo disso é a criação da empresa UBER que obrigou os taxistas a melhorarem
o serviço e a reduzir os custos tirando-os de sua zona de conforto ( quando
precisam fazer longas viagens os taxistas não usam o taxímetro e cobram um
valor estipulado por eles mesmos, com a chegada do UBER, que também faz longos
percursos a um preço menor, os taxistas precisaram mexer nessa tabela para não
perder os clientes).
Apesar de ainda precisar de legislação que o
ampare, o UBER veio para ficar, trata-se de uma nova tecnologia e assim como a
máquina de datilografia sucumbiu ao uso do computador, o UBER em algum momento
da história vai assumir toda a clientela que hoje é atendida pelos taxistas.
Mas esse dia ainda está longe, pois os taxis além de concessão municipal de
órgão de trânsito são a referencia mundial de transporte individual e ainda tem
muitos clientes fieis ao seu conceito.
Por ser mais simples e não precisar de
tecnologia para acessa-lo o taxi se encaixa em um meio de transporte público
padrão prático e de fácil acesso, ao contrario do UBER que para acessá-lo é
necessário a utilização de um aplicativo em um smartfone. O lado bom de ser
vinculado a uma ferramenta tecnológica é que os usuários do UBER sabem
exatamente quanto vão gastar e acompanham em tempo real o deslocamento do
veículo até o local aonde serão recolhidos bem como terão também em tempo real
a informação de em quanto tempo chegarão ao destino final, sem contar que o
UBER permite diferentes formas de pagamento ao contrario da maioria dos taxis
que só aceitam dinheiro em espécie.
Com o advento do UBER, cooperativas de taxis
passaram a oferecer sistemas aplicativos de smartfone onde a trajetória do
veículo é rastreada, a placa e o nome do condutor são mostrados, o cliente pode
enviar mensagens para facilitar a busca do condutor, alguns taxis passam também
a aceitar pagamento em cartão de crédito, ou seja, funcionando nos mesmos
moldes do aplicativo UBER e o cliente não precisou pagar nada a mais por isso.
Dessa forma, podemos concluir que sempre
existem oportunidades ocultas no mercado empresarial e que cada vez mais as
grandes empresas têm buscado um papel mais protagonista nesse mercado de
oportunidades, seja criando novos nichos de mercado, seja inovando em mercados
que já existem ou seja comprando espaço em mercados já consolidados, o mundo
está em constante evolução e as empresas que conseguirem assimilar melhor a sua
necessidade de evolução à ferramentas tecnológicas adequadas, dominarão cada
vez mais o seu espaço no mercado, em contra partida, as empresas que
estacionarem no tempo e no espaço sucumbirão assim como ocorreu com a Kodak, com
a Olivetti, e com a VARIG.
Nesse contexto, a MODUS tem à disposição de empresários interessados, o PEG - PROGRAMA DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO, com formatos de análise, assessoramento e ações visando esse novo olhar para o mercado.
Artigo by Francisco T M Viana
Diretor de Logística e Planejamento Estratégico da MODUS Gestão e Mobilidade