domingo, 16 de abril de 2017

POR UMA GESTÃO PÚBLICA DE QUALIDADE !!!! (1/2)

A complexa estrutura das organizações públicas precisam ser melhor analisadas.

Os recentes (ou não tão recentes assim) registros de execráveis práticas de corrupção remete-nos a uma discussão do que é uma gestão pública eficiente e como evitar o problema da corrupção. Além disso, a já consolidada imagem de incapacidade das instituições públicas, de seus serviços e também dos seus servidores, também necessita ser estudada, visando uma solução futura.

Registre-se que estamos falando do Brasil. Pois, para comprovar o que pretendemos neste artigo, não se pode dizer que isso seja comum a todos os países, embora em muitos deles essa seja a realidade, notadamente em países mais pobres.

Mas voltando ao nosso País, um aspecto a ser considerado é a questão histórica da própria ocupação do Brasil, com colonizadores vindo explorar riquezas naturais, explorando a população "indígena" nativa, que, aliás, podem ter sido os primeiros grupos corrompidos pelos europeus. Infelizmente, arrisco dizer que se tornou a corrupção, em maior ou menos escala, uma característica do povo que se formou, fruto dos cruzamentos étnicos ocorridos. Como não gosto de generalização, exitem exceções.

A questão da ineficiência, também tem traços históricos. É fruto de um Estado mal estruturado, construído com uma excessiva burocracia e com falhas de gestão. Esse Estado é marcado pelo clientelismo, nepotismo e oligarquismo. Esse formato se consolidou. E esse conjunto de "características" é que permeia nossas instituições.



Mas, a sociedade não deve aceitar essa "cultura" passivamente. Aliás, as próprias instituições, notadamente as grandes corporações vêm, nos últimos anos passando por processos de estruturação de processos de gestão calcados na qualidade, na excelência. Cito alguns dos prêmios de qualidade, setoriais, estaduais e nacional, baseados no MEG - Modelo de Excelência de Gestão, que é um modelo de referência e aprendizado, baseado em conceitos de melhoria contínua, de reflexão sobre a gestão e adequação de práticas realizadas aos conceitos de empresas de destaque, inclusive mundiais. Em alguns desses prêmios instituições públicas tiveram destaque, sendo, inclusive, premiadas. Empresa Carris de Porto Alegre (Premio ANTP de Qualidade - Transportes); Companhia de Saneamento de São Paulo, EMBRAER, Exército Brasileiro e PETROBRÁS (PNQ - Prêmio Nacional de Qualidade - o maior e mais rigoroso prêmio de qualidade no País). Pois é, a PETROBRÁS, nos últimos anos no "olho do furacão" de denúncias de práticas de corrupção.

Esse último exemplo monstra-nos que nem mesmo a utilização de boas práticas de gestão é suficiente para combater esse câncer que é a corrupção. Mas seus resultados reais, fruto do desempenho de seus corpos técnicos, com sistemas de gestão com estímulos ao alinhamento, integração, compartilhamento e direcionamento em toda a organização para a atuação com base na excelência, na cadeia de valor e, o mais importante, nos bons resultados.

E como utilizar esse e outros importantes processos para tornar a Gestão Pública mais eficiente, eficaz e efetiva? Falaremos sobre isso no próximo artigo.

Artigo by Ivan Carlos Cunha
Diretor de Consultoria e Engenharia da TCE
www.tceconsultoria.com

segunda-feira, 10 de abril de 2017

E A TERCEIRIZAÇÃO ???

Venho aqui falar sobre a tão comentada (e questionada) terceirização. Também conhecida por outsourcing, trata-se, em sua essência, de um processo de estruturação da produção de bens e/ou de serviços, onde uma organização, pública ou privada, contrata os serviços de outra organização em atividades julgadas pela organização como delegáveis, seja por não ser a sua principal atividade, seja por uma decisão da mesma, de estabelecer a interlocução  não mais com um universo de trabalhadores e sim com um ou mais entes. A terceirização consiste na contratação de serviços por uma empresa tomadora a uma pessoa jurídica, individual ou coletiva, com a desvinculação da relação econômica com a relação de trabalho.




Todos devem ter acompanhado a recente liberação pelo Congresso Nacional da terceirização não mais limitada à atividades "meio", mas a todas as atividades da organização. Os críticos à essa liberalidade alegam que a medida irá estabelecer um alto grau de precarização da atividade produtiva de trabalhadores, os quais estarão sujeitos à, por exemplo, contratos temporários com o dobro do prazo atual. A própria OIT - Organização Internacional do Trabalho considera que essa possibilidade é algo concreto e resultante das novas relações do trabalho, em curso. Porém, alerta para a necessidade do estabelecimento de novas regras para garantir condições dignas de trabalho. Há quem diga também que a terceirização, em função da possibilidade real da precarização do trabalho, possa causar diminuição de contribuintes entrantes e a exclusão de contribuintes antigos do sistema da previdência social 

Outro problema é a perda da identidade cultural da empresa, com o passar do tempo e intensificação da terceirização, além do risco inerente às relações contratuais entre entes jurídicos.

Os defensores alegam, dentre outras coisas: ganhos relativos à flexibilidade nas relações contratuais; possíveis ganhos de economia de escala e de mercado; redução dos níveis hierárquicos, favorecendo relações mais horizontais e menos ditatoriais entre gestores e profissionais; possível ampliação de mercado para pequenas e médias empresas; e, também, há a expectativa de que os trabalhadores realizem maiores esforços de treinamento e desenvolvimento profissional.

Na modesta opinião deste autor, a terceirização vem sendo conduzida com uma abordagem extremamente vinculada à questões ideológicas, com interesses de grupos específicos, como federações, sindicatos e afins, ou mesmo meramente corporativistas. Entendo que a discussão deve se dar colocando-se "na balança" vantagens e desvantagens, para o País, com abordagem isenta de interesses setoriais.

A verdade é que temos um conjunto de regras trabalhistas completamente defasado, constituindo-se, de fato, como entrave ao desenvolvimento e a ampliação da empregabilidade. É fato que os custos trabalhistas são altíssimos, notadamente na área de serviços, o que, juntamente com os altos tributos pagos, terminam por impactar na eficiência das empresas brasileiras.

Outrossim, vale salientar que apesar de um grande contingente empresarial de baixíssima capacidade gerencial, ausência de gestão por processos devidamente estabelecidos, sem falar na, não rara, falta de escrúpulos, há um processo, lento mas crescente, de profissionalização da gestão empresarial, aí inclusa uma nova abordagem nas relações profissionais e respeito à gestão do capital humano, o que determina uma visão sistêmica, tendo como base a capacidade e capacitação contínua da força de trabalho. Os modelos de gestão, com foco na excelência, determinam inclusive, a necessidade da seleção de fornecedores de forma criteriosa e com nível de exigência e práticas de gestão, comparáveis aos da empresa contratante. Pode ser ainda insipiente, mas como foi dito, é algo que vem crescendo no empresariado do País, até mesmo como ação para fugir de momentos de crise, como o que estamos passando.

Está aberta a discussão ...

Artigo by Ivan Carlos Cunha
Diretor de Consultoria e Engenharia da TCE
www.tceconsultoria.com

GESTÃO ORGANIZACIONAL - COOPERATIVISMO (2/2)

No artigo anterior foi apresentada uma visão conceitual sobre cooperativismo. No presente texto iremos tratar da utilização desse modelo associativo como opção para operação de sistemas de transporte, notadamente quando formado por operadores individuais, chamados de alternativos, complementares, ou outros nomes adotados para identificar esse formato de atendimento.





O formato de cooperativa para operadores de transporte pode ser uma solução extremamente eficiente, com ganhos de economia de escala para aquisição de peças, combustíveis, e demais insumos, além de serviços de manutenção, dentre outros. Mas o grande desafio desse novo formato é estabelecer a cultura empresarial em uma associação de operadores acostumados a um modelo eminentemente artesanal, praticamente uma extensão da operação informal ou clandestina, realizada em boa parte dos municípios.

Esse desafio para as cooperativas, formadas por permissionários acostumados a prestarem serviço como operadores individuais, tendo que assimilar a cultura de Gestão, mais precisamente da Excelência de Gestão, desejável para a Cooperativa ter as condições necessárias para operar, com equilíbrio financeiro e sustentabilidade, um sistema de transporte. Para o sucesso dessas cooperativas deve-se proporcionar as condições técnicas, econômico-financeiras e estruturais, com a utilização de um modelo de gestão estratégica empresarial, realizando-se um detalhamento segundo as especificidades inerentes ao serviço, tal qual uma empresa operadora de transportes tradicional. 

Há de se considerar que uma cooperativa tem especificidades distintas de uma empresa de capital, porém com um conjunto de metodologias, ferramentas e diretrizes adequados pode ter ampliadas as possibilidades de êxito. 

A maior preocupação é que esse formato, na maioria das vezes, é utilizado para burlar a necessidade de composição formal de uma empresa, seja por iniciativa do Poder Público, seja dos próprios operadores. Infelizmente essa é uma realidade que termina por prejudicar a aplicação de uma possível solução para alguns dos problemas do transporte coletivo. Não faltam exemplos onde a cooperativa tem "donos", com exploração do trabalho de operadores para benefícios de poucos. Há exemplos onde, mesmo com a "boa intenção" dos dirigentes, mas falta capacidade técnica para uma boa gestão. O resultado é, muitas vezes, a "falência" dessas cooperativas, prejuízos aos trabalhadores e, principalmente, aos usuários do Sistema.

A contratação de serviços especializados, como uma consultoria por exemplo, pode ser uma solução para se estabelecer um modelo de gestão competente e isento, o que poderá proporcionar vida longa a uma cooperativa. 

A TCE Gestão e Mobilidade tem um programa de gestão exclusivo e específico para cooperativas.

Artigo by Ivan Carlos Cunha
Diretor de Consultoria e Engenharia da TCE